Quem sou eu?

Sou um ser Extemporâneo, uma guerrilheira das fronteiras imaginarias. Poeta libertária e utópica.
Transvalorar é preciso, viver nao é preciso.
Acredito nos sonhos...meus e do mundo...
sou eterna e etérea (enquanto dure...) sou Nômade, underground, Yopará...
Fumo com saci, bebo com exu, já duvidei de mim, mas hoje risco faca e atravesso encruzilhadas sem medos de precipicios... sou anúncio...capa de giramundo lírico...sei do poder que habita em mim e na vontade de todos..
reconheço a força do amor e da arte..

minha vontade de potencia: viver em um mundo mais humano e animal.
Respeito o ambiente onde vivo, tentando causar o menor impacto possível.

Sou bicho, sim...um animal que sonha e faz arte... um bicho raro...


bem vindos á Amandy Gonzalez, a mulher cereja em versao atualizada e prontinha pro que der e vier...
obrigado a todos por partilhar, por sonhar e por torcer por mim...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

             Violência Não se justifica ou é inaceitável?

                                                                                         "Parece-me que se deve compreender                                                                                                                                          o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de forças imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte; os apoios que tais correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esboço geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação da lei, nas hegemonias sociais." (FOUCAULT, 1993).

Já não existe a democracia ateniense onde a violência era  movimentos não naturais.
   Hoje, o que vemos,  perolas de como reagir à violência no dia a dia, tratadas como algo habitual. A agressão não é um fato isolado, único, mas o modo como se pensa nela ao implantar as praticas de segurança. Há formas de agir padronizadas á violência, somos ensinados pela televisão sobre os procedimentos que devemos seguir e como devemos  deixar a nossa violência fluir porque o importante mesmo é a nossa vida. Que tipo de medo a violência gera em nosso imaginário?  A essa dose de violência diária é chamada de violência  urbana e ainda não há estudos que a definam, mas são consumidos em larga escala, através dos jogos, da TV,  das empresas de segurança;  há um interesse mórbido na percepção da violência e no sentimento de insegurança da população; de fato há uma mudança da nossa própria sensibilidade em relação á violência.  Certo alheamento que nos permite não sucumbir ás violências físicas, econômicas, ideológicas, mentais, intelectuais. A interpretação que damos á violência é dada por  mecanismos culturais simbólicos e se reflete nos jornais, nas musicas e principalmente no senso comum. Mesmo as maiorias das pessoas nunca tendo estado numa prisão são conduzidas ideologicamente a pensar que os crimes devem ser punidos desta forma, de que é necessário mais segurança, mais policiamento, ressurgindo com força no discurso eleitoreiro dos políticos, fala-se em até pena de morte, mas ninguém quer discutir as causas da violência. O crime vende, e logo vem a visão direitista e a venda dos seus produtos. O pânico moral é bom para os negócios, gerar o medo para tirar proveito depois.
O homem em seu estado de natureza (antes de ser um ser social) talvez usasse a violência para se defender, para sobreviver sem que julgamentos morais o detivessem ou se interpusessem aos seus objetivos; assim as violências seriam esses atos humanos nas suas relações interpessoais e sociais. Acreditando que os homens por si só seriam anárquicos e prefeririam os interesses egoístas onde prevaleceria a guerra de todos contra todos se comete à violência da criação do  Estado no momento em que se constitui uma comunidade, um pacto-Estado, que delimita a quem pertence o poder.   Para isso cria-se o Estado, o monstro da nossa carne ao qual alegamos o poder de nos defender e que nos aprisiona nas suas teias de interesses.
 O que sabemos é que há uma ordem estabelecida em que ela em si já implanta a violência em sua auto legitimação. O poder é violência, é criado pela força, esse poder é outorgado ao Estado aparecendo com o enforcement(1) da lei  e em defesa da ordem pública. No inconsciente coletivo está marcada a violência como abuso de autoridade assim como ao empobrecimento. O senso comum identifica que o Estado não está ai para servi-lo e sim para acossa-lo no sentido da exploração e da conservação das coisas como estão.  Os que escrevem a historia sabem muito bem disso, e há os que sabem expressar as suas preocupações políticas através de organização e protestos, mas há muitos grupos que não tem este conhecimento. É possível explicar distúrbios como saques e roubo a partir do  consumismo. Desta forma  os mesmos mecanismos que induzem o jovem ao consumo explicam os distúrbios em sentimentos e emoções similares. O vandalismo  surge como forma de resistência passiva e representam a falta de família, diversão, emprego, de responsabilidade social, a falta de compromisso real do Estado com a grande população. A violência nestes grupos não deveria ser inesperada, inesperado sim seria que eles se organizassem e agissem politicamente de forma não violenta através da organização.  A resistência é uma irrupção  em ações  coletivas em torno de idéias comuns contra a autoridade, e á incapacidade das autoridades em combatê-las.  
O controle se da através  da vigilância, câmaras, aumento e superpopulação das cadeias e ampliando a Militarização policial com técnicas dirigidas, através de modelos importados que não funcionaram no país de origem. É necessário criar um âmbito de dialogo serio com a comunidade questionando as percepções da imprensa e da política, criticando essa mensagem através de outras mensagens criando canais de comunicação real, discutindo as causas que geram a violência  e como sanear estes problemas. Defendendo a revolução permanente se faz cada vez menos possível o acumulo de privilégios e a estagmentação social, se diminui a burocracia e se aumenta a participação efetiva da população nas suas leis e na garantia dos seus direitos básicos.
A violência é sempre um meio. A violência possui um dinamismo que produz mudanças e isso nunca é ignorado pelo sistema. Atitudes políticas podem gerar violência, mas a ação diretriz é a necessidade dos indivíduos intervirem diretamente e sem aparelhos intermediados do Estado. É o direito á desobediência para o lasciamento da lei. É notado que quando cometemos uma violência no sentido de ferir alguém, é uma violência inaceitável, porem se a violência é cometida no sentido de  auto defesa é legitima. O mesmo se aplica á violência social na procura dos seus direitos, como o de greve  para  proteger   direitos dos trabalhadores ou o direito de revolução, direito do povo  de exercer sua cidadania. Quando as instituições públicas não cumprem seu papel e quando não está garantido o exercício de direitos naturais à  vida, à liberdade à integridade física. Há formas ativas de resistência  e de desobediência civil como por exemplo quebrar certas leis, piquetes pacíficos, ocupando ilegalmente um prédio a expectativa é de que serão presos. Há métodos de como reagir sem resistência, pacificamente. Direito de resistência (direito de exceção) Um meio de garantir os direitos básicos. Utilizar mídia alternativa para veicular a sua mensagem como o You tube, filmar as manifestações  para gerar provas sobre a não violência do movimento, e a utilização de novas ferramentas de organização pacifica como o movimento dos ciclistas nas grandes cidades.
É importante mas pouco provável que uma doutrina política e social deixe de usar da violência para se sustentar no poder, chegando mesmo a cercear a liberdade em nome da segurança nacional, usando de todos os meios que tem á mão, assim como a burocracia, a censura, a propaganda política e os aparelhos repressivos. Estes mecanismos por si só já desestimulam a participação política efetiva. Pois uma das funções do Estado é manter as coisas do jeito que estão.
No fundo todos sabemos  o que essa violência representa e como a internalizamos e  a perpetuamos. É aceita por todos por motivos óbvios e não se justifica a não ser pela ganância e pela propriedade privada.

Amandy González
Enforcement(1)  cumprimento obrigatório de determinado dispositivo                                                                                                                                                                

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