Quem sou eu?

Sou um ser Extemporâneo, uma guerrilheira das fronteiras imaginarias. Poeta libertária e utópica.
Transvalorar é preciso, viver nao é preciso.
Acredito nos sonhos...meus e do mundo...
sou eterna e etérea (enquanto dure...) sou Nômade, underground, Yopará...
Fumo com saci, bebo com exu, já duvidei de mim, mas hoje risco faca e atravesso encruzilhadas sem medos de precipicios... sou anúncio...capa de giramundo lírico...sei do poder que habita em mim e na vontade de todos..
reconheço a força do amor e da arte..

minha vontade de potencia: viver em um mundo mais humano e animal.
Respeito o ambiente onde vivo, tentando causar o menor impacto possível.

Sou bicho, sim...um animal que sonha e faz arte... um bicho raro...


bem vindos á Amandy Gonzalez, a mulher cereja em versao atualizada e prontinha pro que der e vier...
obrigado a todos por partilhar, por sonhar e por torcer por mim...

sábado, 12 de janeiro de 2008


CAMINHOS.


Caminhos.
Sapatos novos.
Vou enlouquecida ao teu encontro.
Saudade adormecida.
Hoje não quero chorar
Estou em paz.
Quero libertar
sem rumo.
Sapatos novos
lembram que não andei.





Deserto sequioso.

Garganta seca,

Olhos molhados

de sede.

Pele áspera de sal.

O vento afaga um mar,

Desmanchando meus cabelos.

A distante água me emudece.

Estou quase pronto.

A dose

se derrama

sem

encontro.

Ponto.





EM LINHA RETA (LUA CHEIA)

O equilibrista olhava a lua
Mal via os próprios pés.
Um espelho de brancura caleidoscópica
O guiava.
A cada passo a sombra ganhava vida.
Dançava com movimentos de ator.
Eu,
(Olho branco e furta-cor)
Acompanhava essa linha reta e
redonda
Que abria seu abismo de luz no chão.
O equilibrista cai
Banhado em labirintos cíclicos de luz.











A MENINA QUE SONHAVA-SE FORA DELA

Nas histórias que ouvia de criança,
Tropeçavam-se as lembranças.
Em meio ao sono, as sonhava
Acariciava objetos e recolhia-lhes o cheiro.
Neles ela moldou suas feições,
Absorvendo todo o movimento e
Refazendo emoções.
Deixou-se fluir
Escapando feito fumaça
Que mergulhava na cabeça.





VELOCIDADE

Cavalos galopam em todas as direções.
O vento esparze meus sentidos.
Respiro fundo.
Olhos e mais olhos.
Acordada, rego a minha fúria.
- esquerda!
- Direita!
Ouço os gritos.
Nem manchas, nem certezas.
(Só vazio e desespero controlado).
Alguém já está dormindo em nossa linha.
O tempo passou,
Pouco temos a nos dizer
Buscando o que não tocamos.
Algo teu me dói
Como faca profunda
de corte aberto que separa.
Uma luz muito grande me enturva,
vago estás á minha memória,
ausência que abandona voraz.
Não te sei,
Ângulo de angústia quieta.
Apagam-se as sombras
E na claridade te vejo sumir.
Fui eu que te trouxe,
Sei que não desejavas ver.
Vestias tua simulação como um ato
Refeito de minuto a minuto.
Há algo morno em mim
Que foge para o escuro
Em ponta de pés.





Canto
Cansado
Ouço
Parado
O grito seco
arranha
o corpo febril
(É o mar)
São sereias com assas
Sentindo o pulsar.
Deixa-as cantar ao teu ouvido,
Te tomarem os medos,
Beber de ti a solidão.
É a fúria,
Que te acaricia e te suga
Até
O fundo.





E SE ABRE...

Gotas de chumbo em cristal,
Partiu-se a garrafa encantada.
Te vejo vir e partir.
Castelos de areia em vapor.
O que farás ou farei?
Espaços ocultos de nós
Como um modo de estar.
Ei de repetir o teu nome,
Chamá-lo mil vezes,
Porque alguém na tua porta me espera
E vou entrar.

Te procuro ao meu lado
E nada encontro.
Só pequenos rastros e um corpo.
Há marcas fieis da tua presença,
Mas o teu vazio continua intacto.
Guardei gestos teus,
em uma caixa de cristal.
Tem vezes que as solto
Apreciando-as com outros olhos.
Guardei-as para lembrar a sombra
que ao te tocar sumiu.


MAL SÚBITO: CONSCIÊNCIA

Estás morto
Mil vezes morto.
Cada gesto teu, se refugia em sombras.
Por onde andas arcano?
Procuras ou já tens a chave?
Gostaria de guiar teu olho ao redemoinho.
- Podes ficar com tudo...
Prometo.
Mas não é verdade.
Estás morto.
Não escutas mais.
Apagou-se a chama furta cor
Que embaçavas no espelho.
Morte matada.
A luz evapora nuvens em teus olhos fixos.




Um bravo braço me sustenta
Uma quieta ansiedade me corrói.
Ausenta-se a linha,
E o andar
se perde inseguro.
A dor me rasga o ventre.
Tudo é dividido com ajuda,
Sacrificando a pele dourada
À humanidade.
Faz-se a luz.




Uma mulher nordestina passeia.
Um rio escorre sua curva
Partindo em dois a turbulência.
A violência é atirada do terceiro andar
E se estilhaça em multidão social.
Lesmas protegem a coluna
Em gosma de metal.
E a maioria tece em sua baba
humilhação e rebaixamento.
Vitimas do poder circulante
Ante
Anti.
Um extintor embranquece o racismo existencial,
Que goteja...
Verminose
sem cartaz.
Não há recheio neste dizer.
Acalmarás o vazio com esta fúria?
Recarregam as armas vis.
Sorris.
Retrocedemos alguns passos.
A humanidade suspira seco.





O TEMP - ORAL


Ouço vozes em meu corpo
Bebo-as gole a gole, em ritmo certo.
A chuva toca a sede do suor selvagem.
Sei.
É o diluvio que se avizinha.
Meu corpo,
prisão de tempestade,
Se perpassa
de estruturas sólidas.
Enquanto essa perene geração de homens
Vai destilando suas rugas
(Dócil arbusto de mel,
é
o que me suaviza).
Gota a gota, eu renovo o encanto na água.
Não há calor.
Só a garoa se espalhando sobre as peles
lânguidas.
Um vago horizonte se acalma
E em mim
Renascem
As luas
Que meu ventre esparso
Espera.
Chuviscos de raiz em um furacão de vozes
Me faz inteira em tempo de tormenta acessa.




O SERENO ADORMECIDO

I

O poeta dorme.
Cochila sonhando cidades,
refazendo espaços que irão existir.
Nessa cidade todos os poetas dormem.
E os reis escalam barreiras perdidas.
Sorriem caminhando sem cima.
Acreditam ser quem são?
Dou-te um beijo na face
Enquanto altiva,
Tropeço em tuas pálpebras.
Como é duro descobrir-te ao caminho
Do teu sutil despertar.

II

Um rei volta e acorda os teus sonhos.
Te traz um grilo, um mico, um sapo e uma mula.
Os poetas se separam nos íngremes segredos
libertados.
Neles, trilha tirânica a criança aflita.
Saem eles em trilhas distintas a procurar
Os enigmas da oferenda.
E em todos os meus presságios,
Confesso ávida a minha ânsia:
Estar entregue, possuí-los
Em meus esconderijos ocultos.

III

A pressa dos reis,
Fortificará o mistério.
Não há fórmulas,
Só as nuvens que carregas na cabeça e
A dança louca dos reis.
O esconderijo do sapo, mula, grilo e mico
São caminhos abertos sem método,
Que cativam.
E nesse imediato
Me engano
Porque te sinto sôfrego,
Inabalável,
Agarrado a essa evasiva ilusão.


IV


Taciturno e consistente
Te vejo refazer aparências.
Sem suspeitas,
Te vejo sonhar,
Ao dar-te o beijo na face.
É um desígnio ou um pretexto?
Nesta cidade ausente,
O poeta dorme.





O ESPELHO BIZARRO

Cisnes dourados
Passeiam em teus braços.
Não há mar,
Nem luz,
Só escuridão atenta.

Tua veste branca
Dança
Sobrevoa roteiros circulares
Em prata de azul claro.

Meu olhar cristalino
Te deforma livre.

Rafadas negras
Te sugam em redemoinhos
Trás o cristal que te contém.





A PÉTALA CAI

O povo procria um pecado
Perigo pardo
De pensamento.
(Pinga sem patrão!).
É pecar,
Pegar sem pagar.
Procuram-se palavras de poder;
Pois perece o corpo pelado,
Sem pão.
Para cada ponte,
Uma sujeira.
Não há príncipes de piolhos,
Ou sem pentes...
Permitam que pare este poema.






ESTÁTUAS DE SAL NA AVENIDA

O tempo se deposita em pó em tua cabeleira
branca.
Pequenos fios de aranha prendem a tua
respiração ofegante e descompassada.
Estou-te aqui, declinando minha imobilidade à tua.
Paraliso-me ao te ver parado.
Meu cabelo liso se esparze aos teus pés,
(Tapete de luxo em tua quietude).
Roubaram o animal preso.
Quem nos sugou a alma?
Há um ponto luminoso em teu olhar
Acompanho-o sem mexer-me.
Algo
Apaga-me
esvaindo fluido.
Fumaça gélida que nos controla,
Enquanto o Tempo
Nos encara,
Sólido.







O disforme cavalga.
E na sua pressa de vento,
Me penetra.
Não há gigantes em tuas pupilas
E eu,
Carrego um delicado mistério.
Teu toque em agonia...
Estou ferida.
Nada resgato nesse enorme vazio.
Mergulho e mergulho,
do meu éter,
Só esse enigma se pendura.
Um discurso distante se evapora.
As janelas se fecham
Em rajadas de vento.
Sinto frio.
Uma língua se espalha por toda a minha boca.
Inferno aguado e quente.





A UMA PESSOA CHAMADA FERNANDO

Eu sou um cara muito pessoa
Sou um par-tido de gente
De um país indigente
Com indignação conseqüente
E digestão irritada.
Sou um corsário de sucesso.
Penso.
Não tenho moderação e sou descrente.
Refugo a minha insigne insignificância
No vigor da Tua Presença.
E deixo a chuva moldar tuas lágrimas
Em meu corpo.
Esqueço das ruas e dos objetos precisos.
Lugar
Distante e jocoso te trouxe,
Pra tão mim,
Que de dentro te quero.
Uma mansa lisonja me esconde em teus
Olhos agudos,
De um ser inquestionavelmente,
Pessoa.





A verdade está solta,
E todos os destinos se ocultam em embriões
Úteros das viúvas de Deus.
Carne de Comunhão
É essa a tua loucura?
É a tua mão a que opaca o meu grito?
As combinações me fogem.
Sou esse pássaro
Que em desatino sonha-se ave.
Ave...
Ave do Mato,
Ave Maria,
Ave césar,
Ave das graças,
Ave, ...de nada.
Qual é o meu consolo?
Deixo o vento passar
Neste paraíso incolor que teceste pra mim
Em tuas ruínas procuro.
Sua Ave voará?






O REFÚGIO DA SOMBRA

Um prelúdio
Gritos mansos se estendem em funil nas minhas
amígdalas.
Sacrifiquei a última bala
Quais são as janelas que aguardam?
Guardam.
Hábito de mim, me habitar sem ser.
Invoco um lábio sem sabor.
Cá,
Hoje me curvo,
Contemplando meu cansaço apurado.
A rudeza abrutalha-me a mente.
Escrava das formas,
Emprego-me no espírito
Escarvando as frestas
Para encarar.
Mancha aberta que cresce sobre mim.




RASCUNHOS DE NOITE

Mais duas doses
A lua cresce e vai.
Me leva aonde?
Vejo o fogo do dragão,
Soltando seu bafo quente
Sobre as arvores.
Há um braço forte,
Para este altivo do deserto.
Rua.
Espaço de estrada.
Há um movimento inerte em nosso andar.
Me descubro:
Gesto,
Forma,
Idéia.
Minhas tranças pendem sobre a janela.
Não há tesão por certo,
Desejos de angustia
numa cativa mente
Apagada de razão.
Olhos-vida sem tempo
qualificam o esparzo estar.
Cavaleiro,
Com um suave toque nas faces
De dois virei seis.
(Cresce a cadeia que muta, muda).
Parece uma ação de paz
Mas a grandeza da fonte se desgarra
Em madura dor.
Tudo tão frágil que quase rezei.
E eu que convivia com saber-te...





Cavaleiros,
Apocalipse.
Panteão de inquietudes.
Solenes os guerreiros que norteiam,
Se vem,
Se desprendem.
Cada um carrega a sua essência
Presa
E rangendo em seus dentes.
Idéias em forma de carne,
Que sangra e escorre
Sob os cantos da boca
Cheirando a vida quente,
Regurgitante fúria solapada,
Num trinar de veias.
E eu aqui, tingindo meus poemas
Mas que vermelho, busco luz.
Assim o belo homem
Resgata em sua corte
As teias de uma luminosa tarde
Que nos toca.





É possível conceber uma orgia de ansiedade?
Quero rimar um anjo na cidade
Ouvir silêncios aglomerados em soluços
E procurar-te.
Descanso no horizonte a espera de uma pista.
Cadê?
Uma angustia enorme que desaba.
São estilhaços de fogo crispando-se
Em vai e vens.
Ato contínuo,
Resgato um manso olhar
Que desacata
O nosso enorme mistério.
Vulto perdido
Te descanso ausente ao meu vazio
E te ouço
De dentro do ouvido.
Solfejo soberbo da vontade em movimento.
A chuva umedece tenuemente
Pedaços de quimera.
Intempérie de luz e neblina.
As copas das arvores cantam uma festa ritual.
O circulo se fecha.
Respiro fundo derramando calma.
Um mergulho,
Dois.
O ar circula.
É o mesmo circulo,
Outono do teus olhos.
Essa redonda boca me traga
Como reflexo da tua nuvem.
Levanto a mão e te vejo.
Colina por colina
Até aqui.



Teu fumo
Sací,
Escorrega em minha boca.
Lambo-o devagar.
É noite em teu corpo
E desenho em tua pele
um caminho escuro.
Estou em ti sem tocar.
Em um fingido abandono
(de olhos abertos)
mata adentro
fumo à noite.




Olhar esquivo e cortante.
Descompasso de sentidos.
Há algum veneno corroendo meus canais.
O denso ar que aspiras
Se esbafora ao respirar.
Rastro inquieto ao derredor.
Aonde carregas teu humor em rede?
Sinto golpes no corpo,
Feridas putrefactas
Instigadas pela dor.
Corredor de tormento
É um recanto qualquer
Dessa loucura.
E nem sei onde coloquei a luz.




O corpo pulsa em minha língua
O forte peso se estende
em cada parte minha .
O calor de mil motores
se queima frio.
Um pavão vira tigre.
É a dança.
A música se faz vapor
Em nossas peles.
O vermelho se tece a mim
Cadeando os ritmos da batida.



Carrapatos de carne se movem
Esponjosos e espumantes
Em tua boca esparsa.
Bilicosidade austera
Resquícios de trevas atras...
Deixa-me apalpar
O compasso que te guia.
Bobo enlouquecido de razão
Vou-me embrenhar nesse delírio,
Tocar tuas feridas,
Como as memórias apagadas
De um rascunho.



Não ouves?
Ocupado,
Ocupado...
Estou só?





NATAL

Reforçar o passado,
Com princípios rituais
Que refazem os sentidos.
É como fazer uma fogueira,
Apagar uma vela,
Ou abrir os braços ao vento.
É construir memória
Em imagens móveis
Com nexo informe
Transitando histórias mudas
Contidas e uniformes.
Um elo com algo que já se perdeu
E ainda não foi construído.
É uma farsa acesa
Que ao nascer contamina o novo,
Aquilo que vem.
É o começo da casa,
Onde símbolos fantásticos
Tomam a forma de futuro.
Assistimos neles a construção
E o sentido de cada roteiro.
Acendo uma vela vermelha e uma verde.




Apaguem as luzes.
A ceia começou.
Camera.
- o gás acabou...
A solenidade se engasga entre gargalhadas e garfadas.
Algo transcende no improviso.
Só não se sabe o que.
Escorregam vários assuntos
Atritos informais
Luz de velas e uma arvore.
Os desejos passam desapercebidos a tanto ritual.
Acende-se uma faisca humana
Um começo de núcleo se faz célula.
A vida deve Ter começado assim.

Flash.
Um circulo refaz a oferenda.
Uma semente foi lançada.
Um, lança o seu grito desumano,
E começa o seu forte andar ritmado.
A ciranda cresce,
E ganha a alma do todo.
Redonda dança,
Se espalha além da voz
Ganhando a dimensão do inteiro.
UNO





Cristal negro de luz.
Pupilas em noite de enigmas.
Um mistério traduz o aprendiz...
Feiticeiro, onde está a tua pedra?
Onde sangra esta obscura melodia?
A tua dor escuta?
Guardião de medos
Te vejo refazer infinitamente o caminho.
Tua violenta dança em fogo calmo,
Expande as assas na escuridão.
Fera mansa de olhar aparente
(É um gentil refugio).
Sou testemunha da força,
E a espalho a mim.



O OLHO CARNE

Tua verruga tem um olho
Que desconfiado me mede.
Piscando incontidamente
Soltando raios azuis
Como que gritando:
Veja-me!




ORÁCULO DE APÓLO

Trabalho fabricando mundos,
Cais distante em arranjo azul,
(Pequenos planetas
Ou labirintos de aquários).
Traduzo palavras.
Refaço-as cruas
Em teu branco papel.
E gelatinosas,
Úmidas
Se contorcem e secam.
É na sua fragrância
(de trovões e ventos)
que me deram sua voz.
Dei-lhes meu corpo.
Como contar-te?
Em universo finito,
as guio,
passeando por ruas desertas,
Onde não há tédio,
Nem mediocridade.
Só o chão nos dirige,
(trilha armadilha)
na angustia, fúria e encontro
Dessa atraente voragem.
Elas me conduzem.
Eu as traduzo.





O símbolo vivo
Se repuxa inquieto.
Revolvesse em seu grito.
A minha alma sussurra na garganta.
É ouvido, olho e punho em ritmo
Desengonçado
Frenético e forte,
Espasmo quente
De saliva, pó e limão.
Água, vento e terra.
A ponte te espalha sob o caminho,
Da passagem, projeto.
Caroços apertados e sem casca.
Carne e sangue.
Lambança.
Fogueira de palco.
Pedra no penhasco.
Meus amores rugem plenos
No meu poço fundo.
Estou pura, constante e por todas tuas partes
Sou.





Quarto escuro e calmo.
O tempo desenha loucura
Nas paredes.
Campo aberto arando corpo.
Couraças rasgando flor.
O mar escurece
Estradas bifurcadas numa lúcida embriagues.
Saliva de pênis,
Em chuva acida ao sol.
Penetro numa construção de mim
Sorrindo sem dentes.




AUGUSTA
Buzinas, chuva
Antegozo paulistano.
Avenida de luz em asfalto
De pernas e semáforos.







TOCAIA

NADA - NADA

CAMINHO...

A DISTANCIA SE AFASTA






Um braço brotou na praça.
Ele arranha a grama
Golpeia o mato
E desperta o seu resto.
Uma cabeça grita.
Perna chuta terra.
Canteiros malditos!
Plantas regadas a sangue
Deixai os pecados em paz.
Oh! Meia noite perversa
Tocai os seus sinos
Além da praça
Além de mim.



TODO DIA

Tudo ia,
Dia-a-dia.
Passa dia e se
Adia cada
Dia para
O dia seguinte.
Mais dia,
Menos dia
O teu presente
Se faz cria
E te guia
A melhores dias
Todos os dias.



Uma espuma prata
Borbulha nos cantos das tuas anasaladas narinas
Transparentes,
Onde as minhas assas
Abanam seu penar.
O calor queima.
E deito-me nua sobre uma pedra,
Ao teu olhar de pintor.
Cachoeira e ar puro.
Fino frio de espécies.
Me carregas e iluminas
enquanto as mãos arrastam
corrente
como dono.....................................................................................
..............................................................................






PÃO E VINHO

gueixas em desatino
soletram seus gemidos.
(para falar é preciso ouvir-vos).
Carne.
CAAAAAARRNE.
(Sangue que fala)
O teu diabo abre as portas do mal.
Sim
Meus olhos registram teu sexo.
E na orelha: o refrão.
A carne e o sangue.




O TREM

Balanço
Sol e vento.
Cinza...
Cinza.
E o verde nu
Se entregando.
O silencio se rasga
Sobre os trilhos
Olhos abertos e calmaria de trote.
Galopar de máquina.
Absorvo luz
E te reclamo ao vento.
Sinto.








SÃO LOURENÇO

Restos de sombra
Nada há,
Além de caminhos
Sem norte ou rumo.
Guetos espalham respostas
E esfacelam realidades
Como franco atiradores








O MATADOR

Espectador do mistério
Involuntariamente vejo-me teu monstro,
Desfazendo-te em oscilações.
Sombras arejadas e escuras
Repassam teu rosto alheio
Frente ao espelho desmoronado
revendo gestos intocados.
Me desmascaro em orações
(Vertigem de armadura
Fundida ao teu sangue de touro)
Com o cajado de calcário.
Eis a fama do gume,
Lambe o vermelho que se espalha na arena,
Cenário de duelo interno
Desumano e sem lembrança
Intima agonia caí em chuva.
Tua sombra escura
Bebe imóvel todas as luzes.






VAMPIRA RAINHA

Solventes astutos, irados respondem:
- O que dizem?
- Não sei
Orquestras brilhantes sugam as juntas
E os fios purpúreos
como uvas
que se desprendem
da luz.
São dentes nus expostos à gula,
Que suja os entes.
Sentes?

Molestos buscam a musa dourada
Esperando despir seu suor.
Sugam com dentes pútridos
Lavando o sangue da deusa nova,
Que desfalece a cada gole mutuo.
Reagem a cada insólito hurrar desusado.

Irados, respondem...
Isto é musica para orquestras quentes.

O que dizem?
Por deus!

Respondem sem voz
São odes barulhentas sem pesar
Quimeras desmoronando beldades.

Já sem sangue

Cai.
A divindade fútil, toca a terra
Rasteja desviando o prescrito
Com seu corpo nu e efêmero
Se transforma,
Rasgas as cascas que envolvem
Exorcizando os seres que dela surgem
Tombada ao chão
Lúgubre
Ouve, ouve.....

Ouve o orquestrar da musica purpúrea
Que sugou as suas juntas.
A musica abriu seu corpo idolatrado
Em veias e acorde exposto
E ela surge,
Livre de correntes e chagas
Se esguia em desatino
E pairando se afasta.
Voa longe desvincando o solo.



Fecho-me
Em minha boca
E a palavra
Me engasga
A morte na garganta.





OLHANDO OSÍRIS I

Há um coágulo em tua orelha.
E o sangue denso
Cavalga como hemorragia em tua cabeça.
A fúria vermelha se afoga em intragáveis
risadas.
Eu tropeço.
Me arrasto.
Rasgo a minha pele e dou-te-a
Sussurro dissimulações para a dor.
E o segredo?
Devoraste-o!
Estou amarrada ao teu sangue
Liberta-me!
Vou...
Abrir cada artéria,
Cada veia,
Misturando meu liquido purpúreo ao teu.
Só assim refarei a minha essência.
Possuo o que desconheces
Não deglutiras nem mais um pedaço meu.

Meu corpo pálido atravessa mais uma imagem
na tua memória.
Liberto-me do teu poder,
E deixo brotar o milagre da morte em novas
cheias.
Enquanto declamo muda,
Vendo-me em teus olhos;
Cativa.





Estou presa
Portas intactas me corroem.
Alguém não está.
Não sinto o chão.
A minha voz envidraçada em espirais...
Porque não a ouço?
Diz alguma coisa...
- Em mim,
Não há cantos,
Meus olhos tudo abarcam
Neste labirinto de cores e enredos,
O irreal pode ser lembrado.
Pois a realidade é somente um brinquedo.
Respiro gasolina com a dimensão do longe,
Estou sonhando.
Paro.
Tua ausência me inquieta.
- grita!
(por favor)
não escuto mais.






ONDA PUB

O espelho esvaziado reflete um canto qualquer.
Pedaços de mesas e copos juntam-se
Numa só linha.
Nó repartido e perdido na cena do bar.
Construção em dó se costurando torta
(retalhos sobrepostos e riscos confusos).
A cor escorrega
Franzindo sua margem no balcão.
O movimento se corta e quebra.
Meu olho derrama o concreto
e ponto.





Vi uma árvore de 3 olhos.
E manifestações vivas da natureza
Um outro ciclo mais veloz começa
O artificial que nos constrói
Dilui nossa essência vaga.
É um vão querer...
Algo novo e inconstruído
Desforma a forma
E um a um
Os olhos vêm.







Um fino traço de giz ,
é o marco da minha ânsia.
Recuo de gloria preenchida
E um não saber o que fazer das mãos.
Front vazio.
A roda gira mais uma vez
E a trincheira queima o ultimo grito.
- abre os peitos covardia!
Tua bandeira sangra
E finca pé na vitória derrotada
Coroaram-te ao nascer,
E o que me espanta,
É a serenidade senil
E a fragrância de morte vencida.
O bom jogador arrisca tudo,
A perder também
O pó espalhado e esmiuçado
Se enterra neste chão,
Semente eres, mas não sei qual.
Se mentes eras, mas não sabes mais.
O sino toca,
Não tem ninguém prá ressuscitar.
O galo amanhece um novo dia.




Véspera de estrada
O eixo se acomoda ao ninho.
O ovo esquenta sob a asa águia
Enquanto o norte se faz céu.
Há mira no seu olho-mãe?
Ou é resto de ira o que iças no horizonte?
Quase amanhece o sol
e o impulso a lança.
Arpão desmedido
furaste a terra
Em teu caminhar.






Tudo parece artificial
Paredes e corpos de plástico e metal
Fosforescendo radiação.
Afinal da relatividade também se faz mutação.
Risco de queda livre...



:... e alguns pontos.

Nenhum comentário: